domingo, 25 de dezembro de 2011

Li e me surpreendi porque é uma super verdade, e quero que você leitor também leia e reflita nessa realidade!

Como pode isso?

Era uma segunda-feira, ressaca do feriado de páscoa. Tudo que eu queria era chegar da escola e dormir, dormir ate de noite, pra acordar, comer e volta a dormir. E foi o que eu fiz, tentei... Cheguei da escola, almocei e fui para o quarto. Arrumei a cama, peguei o cobertor quentinho no guarda-roupa, liguei o som na música mais calma e doce que conheço “Gaivota Choro” de Villa-Lobos. Aquela melodia parecia calmante, ela fechava os meus olhos e me fazia relaxar. Eu já estava sonhando e nem tinha deitado na cama, quando ouço.
- FILHOOOOOO! Era minha mãe, seu grito parecia buzinas e gritos de um estádio de futebol, me dói à cabeça só de lembrar. - Vai no banco pra mim? Ah, se ela não fosse a minha mãe, já estaria morta. Mas é a vida, às vezes nossos planos (por mais simples e fúteis que sejam) não dão certo.
Lá estava eu, duas e meia da tarde, andando, sozinho, cansado e nervoso, muito nervoso. Eu andava pela rua, passei em frente a uma praça, muito movimentada, ficava entre duas escolas. Lá havia uma banca de jornal e uma barraca de lanches, onde algumas pessoas comiam, conversavam e riam; mais no fundo da praça tinha um chafariz vazio, abandonado; e do lado, alguns homens, mendigos mais precisamente. Um estava fumando observando as pessoas que passavam na sua frente, outro dormia deitado no banco. Havia mais dois, um ajoelhado no chão, em frente ao seu amigo, segurando a sua mão e sua cabeça que tremiam. O mendigo parecia que estava tendo uma convulsão. Sua cabeça balançava muito rápido junto com seus olhos brancos e sua boca sem alguns dentes que gemia gritos baixos e fracos; suas mãos tremiam ao mesmo tempo em que retorcia, levando seus dedos para dentro da palma.
“Vou ajudar”, pensei, mas estava com pressa, e tinha muita gente mais útil na rua, eu tenho apenas dezessete anos, havia pessoas que podia melhor socorrê-lo. Pensando bem, ele era um mendigo, podia estar bêbado ou simplesmente ser louco e fingir tudo aquilo.
Preocupado com os meus problemas, fui em direção ao meu destino, deixando para traz aquele pobre louco.
Nossa... Que dia chato. Não conseguia pensar em outra coisa se não dormir, queria apenas chegar ao banco; e chegando vi a fila, aquela fila enorme que devia ter umas cinqüenta pessoas, assim eu ia chegar em casa lá pela quatro horas da tarde, nesse horário, dormir não é a mesma coisa, quanto mais perto da noite pior é o sono. Minha mãe tinha estragado meu dia, o mais chato de tudo é quando você encontra aquele velho amigo na rua, que fica te enchendo de pergunta do tipo “como vai a família?”, “você ainda esta estudando?”, “ta namorando?”; perguntas do tipo falso, sei que a pessoa nem lembra quem são meus familiares, e não esta nem ai se eu estou namorando ou não; perguntas do tipo sem conteúdo, que só serve pra mostrar preocupação e fingir uma intimidade, ou seja, perguntas do tipo perda de tempo. E cada pergunta dessa é um momento do meu sono perdido, um sonho interrompido.
Depois de algumas horas jogadas fora com perguntas falsas, eu finalmente comecei a volta para casa, encontrei outros amigos, mas fingi não ver para não perder mais tempo.
No meio do caminho, na avenida mais movimentada, algo me chamou a atenção, vi dois policias conversando, uma ambulância e dois médicos pegando uma maca. Mas o que chamou a atenção foi o fato de não ter nenhuma vitima.
Normalmente se faz uma roda de curiosos preocupados em volta do acidentado; mas dessa vez não havia curiosos, nem preocupados e aparentemente não havia vitima. Então para que os médicos, policias e maca? Me aproximei para ver o que estava acontecendo, lá foi eu de curioso e preocupado quando o avistei.
Estava no chão, deitado, parecia um cachorro, mas não era, me aproximei e vi, em frente dos policiais...
Meu Deus, era o mendigo. Ele estava ali, largado, abandonado, sujo. Aos pés dos dois policiais despreocupados. Aparentava morto, não se mexia. Aqueles movimentos rápidos foram trocados por um doloroso silencio, que incomodava apenas a mim, ninguém mais se importava com ele. E foi essa solidão que o matou, esse desprezo da sociedade com o homem. E eu estou incluso nisso, eu que sou o culpado dessa morte; como pode eu não me conformar com esse mundo sendo que faço parte dele? Sou seu principal representante.
Como pode um homem fazer isso?
Era uma vida, mesmo sendo de um indigente. Como pode isso?
Como pode um homem ir sem deixar uma marca?
Nem deixou lembranças na família. Como pode isso?
Como pode um homem ser tão insignificante para o mundo?
A ponto de nem ser homem e sim comparado com um animal.
Como pode isso?
Como pode a vida ser tão frágil?
De repente tudo acaba. Como pode isso?
Como pode a vida não ter sentido?
Viver apenas por viver.
Como pode isso?
Agora tudo terminou para aquele homem. Ele morreu. Talvez já estivesse morto; pois dá para alguém viver sem amigos, sem família, sem nada? Dá para um homem viver como um animal? Então, o que o mantinha vivo?
Talvez ele vivia pela esperança. Esperança de ter algo, esperança de ser alguém.
Esperança de mudar o mundo.
(MESGO)

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