Complexities

Um dia que começa sem cara, sem forma, sem cheiro, sem gosto e sem sentido. Uma aceleração constante considerável e respiração ofegante a acompanham, ela sente, mas não distingue. 

Sabe que há algo de errado e uma angústia no peito que não se mede em escala matemática alguma. A sensação não se assimila a nada. Falta do que? De quem? 

Após a manhã vazia, depois do almoço sem fome com estomago estufado de nada, precisou respirar mais ar que o ambiente lhe proporcionava e sentada na calçada de casa, respirou fundo, a surpresa deu-se na hora de soltar, junto do ar que soprava rápido demais vieram as lágrimas, e agora, porque chorava? 

Nessa luta de ar e lágrimas, rosto colado e vento gelado ficou por instantes, estabilizou a respiração e as lágrimas agora eram silenciosas. 

Passou então a observar os carros que vez ou outra passavam pela rua, em todos eles ela só queria que uma pessoa chegasse e até podia sentir-se abraçada poraqueles braços, só aqueles. E as lágrimas corriam grossas quando via que não era quem esperava e deu-se conta de que nunca seria. 

No fundo sabia que aquele nunca não existia dentro de si, porque se havia um átomo que fosse de esperança naqueles carros, o nunca então, era proibido. 

Começaram a surgir vizinhos, aqueles que a conheciam desde criança e o desconforto era nítido, sentia como se estivesse só de alma naquela calçada e todos pudessem ver o que se passava por dentro dela, não queria mostrar-se, correu e fechou o portão. Sem as perguntas, 'porque as lágrimas?', e foi melhor assim. 

Correu para deitar-se no abraço de seus travesseiros, sinceros, companheiros e leais das noites que fez-se em rios silenciosos que corriam e somente ela sabia de onde vinham as águas. 

A angústia permanecera, eis que ela ainda não sabia o motivo de suas dores, aliás, em seu intimo até o sabia, mas não poderia admitir, era bobagem de menina, era sonho ou utopia, eram os motivos que faziam dela frágil.